domingo, 26 de julho de 2015

EU PROMETO

Aceitar a vida como um milagre de cada dia quando tudo vai bem é relativamente mais fácil. Aliás, deveria ser; mas nem sempre é, porque na prática, quando tudo vai muito bem, quase sempre esquecemos-nos da graça da existência. Pensa-se mais na vida, seu valor, sua importância quando nos sentimos ameaçados ou diante de dificuldades. Nesses momentos as reflexões acabam sendo negativas e carregadas de criticas, queixas, lamentações. Em geral vivemos como se fossemos eternos. Engraçado é que a maioria de nós vive sempre esperando ‘uma melhora’, ou seja, que dias melhores virão. Sonhamos com uma vida de paz e felicidade sempre à frente: daqui a alguns anos; quando me formar; quando comprar a casa; quando fizer aquela viagem; quando meu partido ganhar as eleições etc.

Pense um pouco: a pessoa mais idosa do planeta está com cento e quinze anos de idade; donde se conclui que a humanidade atual vai de zero a cento e quinze anos. Todos os que viveram antes já morreram. Enquanto escrevo esse texto, nesse exato momento, recebi uma mensagem no whatsApp de uma amiga, jovem, não mais que vinte e dois anos,vi sua foto no perfil, exuberante, cheia de vida e de esperança. Pensei: essa garota entrou na historia há apenas duas décadas. Com muita sorte chegará a cem anos e depois vai ceder lugar para outra pessoa e assim é a dinâmica da existência. O tempo que passamos aqui é muito curto se comparamos com idade do planeta e do universo. No livro dos salmos, um salmista já cantava: tudo que passar de setenta anos é enfado e canseira.

Parece sem sentido essa nossa curta passagem por aqui. Somos inteligentes e complexos demais para simplesmente surgir e desaparecer assim de forma tão fugaz e efêmera, podemos pensar. As religiões, e há uma variedade imensa delas; todas, sem exceção, tentam amenizar esse vazio do que vem depois, criando uma esperança de continuidade. Algumas, oferecem um céu direto; outras um paraíso eterno, mas com um purgatório no caminho; outras propõem a imortalidade e garantem um retorno através da reencarnação e por aí vai. O fato é que não há garantia nenhuma de continuidade apesar de tantas escrituras afirmarem: Os vedas, a Bíblia, os Upanichades, o Alcorão e outras mais. A verdade é que a cada cem anos o povo que habita o planeta é completamente renovado. A garantia real é que eu e você vamos sair de cena.

Vale mesmo a pena perder tanto tempo com picuinhas do ego depois de refletir sobre esta incontestável realidade? Vale a pena tanta correria, competitividade, disputas, orgulho e intrigas? Olhe o mundo ao seu redor, ainda há muita beleza. Desde a exuberância poderosa do nascer do sol até a delicia colorida e nostálgica do entardecer. Observe a luz do Sol que ilumina cada recanto do planeta, e aquece, e nutre, e da vida para as plantas. Olhe para o céu estrelado numa noite escura, enamore-se com as estrelas e sorria com a lua. Olhe para as flores, as montanhas, o mar, alguns rios, árvores belíssimas. Sabemos que a maioria de nós mal percebe essas coisas. Olhe a graça dos seres humanos; suas crianças; nossos velhos; mesmo entre aqueles mais confusos, todos têm alguma beleza e uma historia. Escute, sinta, desfrute, compartilhe.

Desfrutar observando; essa é a única garantia de sua passagem por aqui ter um significado. O milagre já foi realizado: alguém construiu esse planeta belíssimo e nos deu a chance de estar por aqui. Alguns passam e mal percebem; outros percebem e ignoram; ainda há outros que exploram e somente os sábios desfrutam – estes vivem. Viva, vale a pena, eu prometo.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

AOS PEREGRINOS DA ETERNIDADE




Alguém escreveu: “quando o discípulo está pronto o mestre aparece.” Os buscadores da verdade e da iluminação em geral desejam ter um mestre, um guia ou mentor ao seu lado. São extremamente uteis. Ter um mestre vivo por perto, sem dúvida que potencializa bastante as possibilidades de despertamento do buscador. É como ter um Persnonal Trainer para cuidar da alma. No ocidente é visivelmente escassa a presença de mestres à moda oriental daqueles que iniciam seus discípulos, oferecem um nome novo e indicam um caminho e um método a seguir. Particularmente, nas ultimas décadas, nesse tempo em que o mundo se amiúda por meio da televisão e da internet criando possibilidades materiais inacreditáveis para a humanidade, a quantidade de buscadores espirituais também vem diminuído. Não há mestres iniciadores no ocidente. Entretanto, o Universo sempre encontra os meios de promover o crescimento e o despertar daqueles que sentiram ou sentem uma inquietação interior que os movem na direção da luz e da verdade.
Ironicamente os mestres estão por toda parte. A iniciação, no momento atual, é espontânea, individual e centrífuga. A iluminação move-se de dentro para fora. O individuo se auto inicia. Na atual formação energética da humanidade, tudo se move em velocidade jamais vista antes. Os discípulos ficam prontos e deparam-se com mestres pontuais que tratam, em geral, de necessidades especificas do buscador que o encontra. Com frequência o buscador cruza com o recado dos mestres nas redes de relacionamentos, nos telejornais, filmes, telenovelas e não raro em contatos casuais com mensageiros que, fisicamente presentes, dão seus recados.

O segredo é estar atento. O universo utiliza toda tecnologia e recursos naturais para mostrar o caminho aos peregrinos da eternidade. Quanto mais atento mais rápido se alcança a plenitude.

Catorze anos é a idade da Peu, uma adolescente linda, inteligente, antenada com seu tempo, boa usuária da tecnologia de informação e internet, estudante e membro de uma família de classe média. Gente normal, que vive normal, brinca, namora, sofre, ri, chora, briga etc. Até aí, nada de diferente de milhares de outras meninas de sua idade. Cheguei perto, um pouquinho mais perto do que um contato comum e fiquei ofuscado com tanta luz. Vi, em um momento bobo, casual, o olhar de Deus. Jamais havia visto alguém olhar com tanta ternura e aceitação como aquela menina olhou para a irmã. Eu já havia percebido alguma luz vinda do seu interior, mas passei a observar melhor e descobri que estava diante de um ser completamente iluminado, uma alma belíssima e com um poder de percepção absolutamente incompatível com sua idade física cronológica. Tive oportunidade de abraçá-la e respirar em seu ritmo por alguns segundos. Entrei em sintonia com o Universo. Havia anos que não experimentava um Satori, o contato com essa alma me conduziu a um longo satori no dia dezenove de Janeiro de 2015 e outros menores se sucederam até o momento e continuam acontecendo.

Os mestres estão por aí. A Peu, talvez ainda não tenha plena consciência de sua luz, entretanto, sua sabedoria em palavras e o poder de harmonia que emana de sua essência podem ser percebidos por qualquer buscador iniciado. O Universo me propiciou o encontro com a Peu da forma mais inesperada possível. Muito malabarismo, mudanças de endereço e rumo, encontro e desencontro com pessoas e, finalmente lá estava eu diante de uma mestra infantil que ensina pelo simples fato de existir, que mostra o caminho de forma sutil: apenas por estar caminhando por ele. Quem vive no terceiro milênio e está seguindo de forma consciente na direção da luz campeando a iluminação, deve estar atento. Os mestres estão por perto, e, muitas vezes, da forma menos esperada possível. A mensagem silenciosa da Peu para mim foi que estou no caminho certo, sua luz abriu uma fenda no meu campo de energia permitindo que os satoris voltassem a acontecer. O milagre de hoje é a gratidão pelo caprichoso cuidado do Universo com seus moradores.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

VOLTANDO PRA CASA





É simples. Embora seja muito simples, a vida não é fácil. O que chamo de vida aqui é o modo de viver, aquela desejada qualidade que se traduz em paz, serenidade, alegria e que, no conjunto, forma um estado de ser que reconhecemos como felicidade. Sim a felicidade é um estado de ser. Não seria apropriado entendê-la como uma virtude ou qualidade que distingue um ser do outro, porque este estado é inato e intrinsecamente se constitui numa característica comum a todos nós.
Ótimo, então por que não somos todos felizes? Somos sim! Alguns já descobriram. A bem da verdade, alguns poucos descobriram! Bem poucos. Talvez, um número maior já experimentou a felicidade em um volume suficiente para crer que ela é real e possível, mas perderam o ponto. Outros tiveram momentos de alegria e ficaram animados buscando aumentar esses momentos.
Então, se somos todos potencialmente felizes, por que é que a maior doença da humanidade é a depressão? Por que é que a tristeza ganha de lavada nessa guerra onde há tanta dor e sofrimento deixando abatida a maioria absoluta dos humanos inteligentes? É verdade! O fato é que poucas pessoas descobrem que são felizes intrinsecamente. A confusão tem inúmeras razões, desculpas e justificativas. O fato é um só: entenderam, equivocadamente, que a felicidade está fora; acham que vem de algo externo, de alguma coisa ou de alguma pessoa e não de si mesmos.
“O Reino de Deus, dizia Jesus, está dentro de nós”. A felicidade, a segurança, a serenidade, a paz enfim todo esse poder curador está dentro e não fora de cada um. A felicidade, portanto, é uma descoberta. É uma energia a ser percebida e não uma conquista.
É muito simples. Mude o foco. Olhe para o seu interior e busque demoradamente um encontro com você mesmo. Prestando atenção na respiração procure abstrair-se de todas as fontes de preocupações tais como seus medos, desafios, passado, futuro, necessidades, perdas e qualquer outra ansiedade. Coloque o foco na respiração. No inicio, cinco minutos por dia durante uma semana; em seguida aumente para dez minutos e vá aumentando até conseguir permanecer nesse estado por uma hora ou mais cada dia.
Quem tem tempo para gastar uma hora em meditação todos os dias? Poucos. Geralmente só os que querem ser felizes. É mais difícil para os que querem ser ricos, para os que querem ser famosos, para os que querem ser reconhecidos.
Pessoas felizes podem ser ricas, famosas e reconhecidas. Ninguém - eu posso garantir – ninguém jamais será feliz por ser rico, famoso ou reconhecido. Riqueza, fama, reconhecimento não serão causas da felicidade; poderão até ser consequência desta. O primeiro passo é ser feliz. O primeiro aprendizado é ser feliz. A primeira lição a ser ensinadas aos filhos: como e onde encontrar a felicidade real. As religiões colocaram a felicidade no céu; a vida na terra virou um inferno. Ser feliz é uma questão de escolha. É simples assim. Garanto que não é fácil. A maioria não escolheu a depressão ou o medo de forma consciente, mas escolheu. De forma consciente cada uma pode escolher a felicidade, pode escolher uma mudança de rumo, pode seguir para o seu interior ao invés de focar na materialidade exterior como meio de ser feliz. Volte pra casa. Esse é o milagre.


domingo, 8 de fevereiro de 2015

MESTRA DA SABEDORIA





Todos a conhecem bem de perto. A tristeza é uma das mais comuns emoções que caracterizam os viventes. Os irracionais também sentem tristeza. Em geral a tristeza vem associada ao medo, às perdas, separações, culpas etc. A tristeza é existencial: faz parte da vida de todos nós. É essencial. É a tristeza que nos convida para uma reaproximação com nosso centro. Em geral a alegria é dispersiva e projeta a alma para o exterior, para a interação e comunicação com os outros. Sem a tristeza o processo de crescimento seria impossível. A tristeza é a antessala da alegria. É grande a importância e necessidade de saber lidar com a tristeza.
1 – Evite lutar contra a tristeza. Se veio é porque chegou a hora para cumprir sua missão; se permanece é porque não terminou sua obra ainda. Quando a tristeza vem é porque o ser está carente de si mesmo. Sempre que vem, traz um convite para que seu amo mergulhe em uma reflexão mais profunda e busque sabedoria e respostas no aconchego no seu interior. Dentro de cada um estão guardadas as respostas para as mais inquietantes questões da vida.
2 – Olhe para sua tristeza sem receio. Dê boas vindas a ela. Observe seu comportamento, sua intensidade e descubra a sua fonte. Saber a possível origem da tristeza ajuda a identificar em que ponto do ser ela pretende agir e conduzir o crescimento. Por exemplo: a tristeza chegou e você sabe que é consequência de uma perda ou separação. Essa tristeza poderá mostrar a importância da pessoa que se foi, entretanto, o grande ponto será revelar o quanto você pode se bastar. Em seu interior, levado pela tristeza, você poderá descobrir ou ampliar seu potencial, fará contato com fontes de conhecimentos gravados em sua essência que serão de grande valor para sua autovaloração e para desenvolver o amor próprio. Jesus já ensinava: amarás ao teu próximo como a ti mesmo. A tristeza causada por uma separação, se bem assimilada e aceita produzirá um enorme crescimento na autoestima. Mal aproveitada poderá evoluir para depressão.
3 – Fique triste. Isso mesmo, se a tristeza apareceu, fique triste. Negar, especialmente para si mesmo, disfarçar, ou ainda tentar mudá-la por meio de agentes externos tipo bebidas, farra, festa ou algo semelhante é perigoso. Quando a tristeza chega ela traz uma meta. Enquanto não cumprir seu objetivo vai permanecer. Há pessoas que passam a vida interia completamente tristes e lutando contra a tristeza. Correm o dia inteiro, fogem, disfarçam, dão risadas, mas o travesseiro a traz de volta. A tristeza é a inspiração do ser. A alegria sua expiração. Se a tristeza entrou, como o ar que respiramos, ela precisa fazer o papel vital em seu ente e só então liberar-se através da expiração.
4 – Apreenda a lição e libere. Isso mesmo após cumprir seu papel de mestra da sabedoria sendo aceita, compreendida e amada, a tristeza sairá suavemente para, em seu lugar, penetrar uma alegria suave, sem origem aparente, carregada de serenidade, trazendo uma sensação de completude. Com essa alegria você estará pronto para compartilhar com outra alma sem depender da mesma para sentir-se pleno e absolutamente aceito. Esse é o milagre. Quer ser feliz? Faça o Milagre - não lute contra a tristeza.