domingo, 26 de junho de 2011

”SE EU QUISER FALAR COM DEUS...”.



O relato da criação do homem da forma como está registrado no livro de Genesis, o primeiro livro da bíblia, sempre me encantou. Cheguei ao ponto de acreditar piamente que teria sido assim mesmo. Isso é outra história. No seminário de teologia, descobri que Moisés escreveu o livro de Gêneses no mínimo 2.500 anos depois que os fatos da criação registrados por ele tinham acontecido. Dois mil e quinhentos anos. Isso mesmo que você leu!. Da criação até ao dilúvio (seguindo a cronologia bíblica) passaram 2 mil anos. Moisés é um pós diluviano, descendente de Levi, filho de Jacó, que era filho de Abrão e nascera no ano 1593 a.C. Me custa crer que o relato de Moisés sobre a criação, escrito há dois milênios e meio depois da ocorrência dos fatos, possa ser a ultima palavra sobre a origem do homem contudo, não quero discutir isso aqui. Quero discutir a parte que me encanta. Diz o relato de Moisés que Deus esculpiu um boneco de barro. Depois de pronto lá estava sua obra: linda porém, sem vida como o Moisés de Miguelangelo. Nesse momento, Deus teria soprado nas narinas do boneco de barro o fôlego da vida: “e o homem foi feito alma vivente”. Assim, por esse relato, o homem (alma vivente) é um resultado da junção do barro com o ar que saiu dos pulmões de Deus. Aí está a parte da história que me encanta. Para ser alma vivente, cada ser tem que ter DENTRO DE SI uma parte divina. No Hebraico esse sopro divino é chamado Ruach. No Grego Pneuma (ar). Ruach aparece algumas vezes no Antigo Testamento traduzido por espírito. Posto assim, o homem não é espírito ao contrario, o homem possui um espírito. O homem é Nefesh (alma vivente). Logo, é a junção de barro com espírito que resulta em homem. Viajei muito na imaginação com a idéia deliciosa de ter uma parte de Deus dentro de mim. No Novo Testamento Jesus ratificou a questão da presença divina no interior do homem varias vezes e de diversas formas: “o corpo é o templo do Espírito Santo”; O Reino de Deus está dentro de vós” e “ Espírito Santo que em vós habita...”.  Etc.



As Escrituras Védicas, particularmente o Baghavad Gita, têm um outro registro sobre a criação do homem: o senhor Brahma foi quem criou todos os seres de todas as espécies. Nos Vedas também a presença de Deus no interior de todos os seres é apresentada e amplamente discutida. Na Escritura Védica, muito embora não se descreva o aparecimento do corpo da forma que a bíblia o faz é aceito, de igual modo, como sendo (o corpo) apenas um invólucro onde se acomoda a Jiva. A Jiva é análoga ao Ruach (espírito) . A Jiva, é de origem divina. É a presença divina no ser, entretanto nos vedas aparece uma outra presença: O Paramatma. O Paramatma seria equivalente ao Espírito Santo. Enquanto a Jiva é a presença divina que garante a individuação do sujeito ao mesmo tempo é a fonte de energia vital que faz viver o corpo e preserva todas as memórias. O Paramatma é uma presença real de Deus (Krsna), que se instala de forma real no coração (no órgão) de cada ser vivente. A Jiva sou eu é você assim como é qualquer manifestação de vida. A Jiva assim como o Ruach, é imortal porquanto é divino e, é onde todas as memórias relacionadas ao sujeito se eternizam. O Paramatma é a presença guardiã à qual o sujeito pode recorrer, se desejar, para abreviar seu processo de crescimento e avanço em direção a semelhança com o Criador. Segundo os Vedas Deus está criando seres perfeitos para a felicidade eterna. Veja bem! Está criando. Isso quer dizer que meu atual momento de existência está dentro desse momento de criação. Eu (e todos) estamos sendo criados para sermos eternamente felizes. Esse processo tem a minha (do ser) participação. As escolhas que eu faço poderão abreviar ou retardar o ponto de chegada. Cada um em seu ritmo; cada um em sua fase ou nível; cada qual do seu jeito, todos estamos indo para o mesmo lugar: a perfeição. Se existe um atalho? Sim as Escrituras Védicas mostram um atalho: Intimidade com o Paramatma ou se preferir, intimidade com o Espírito Santo. 


Acho tudo isso muito lindo. Mas, e se nós realmente (como querem outros) somos frutos da grande sopa evolutiva e evoluímos a partir de materiais orgânicos que progrediram e se combinaram por milhões de anos e daí surgiu a vida e, é dessa vida que todos viemos? É uma possibilidade. Entretanto, há que se verificar que todos os teóricos e cientistas após dissecar a vida e retroagir até o momento da sopa evolutiva esbarram num fragmento de energia que permitiu e/ou possibilitou que a combinação orgânica se manifestasse como vida. Que fragmento de energia é esse? É certo que ainda há muita coisa a se descobrir sobre nossa origem e destino. Isso me faz ser cauteloso antes de tomar qualquer partido dogmático como sendo a ultima palavra. Não obstante toda cutela que se requer sobre esse tema tão importante acerca de nossa origem e pra onde vamos, há uma unanimidade no sentido de que todos os seres estão evoluindo, superando desafios e rumando para a perfeição. Nesse caso sou da opinião de que, como não faz mal e é de graça, porque não contar com a ajuda do Paramatma para abreviar e/ou suavizar a caminhada? Uma coisa posso garantir fica mais suave sim. Gosto da idéia de que se eu quiser falar com Deus Ele esta bem pertinho: dentro de mim e de você, no meu e do seu coração. Tente!
Próxima postagem vou trazer uma dica para conseguir essa intimidade!

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