quarta-feira, 11 de julho de 2012

UM MILAGRE CHAMADO LAILA



Saí de Itanagra, interior da Bahia com Destino a Alagoinhas. Estrada linda, sinuosa, sem asfalto,  cercada de muito verde, fazendas de gado, e aqui acolá cruzava com uma carreta da Petrobras. Chovia. Era uma chuva fina e insistente que deixava a estrada escorregadia e com muita lama. Uma curva acentuada me fez reduzir a velocidade e foi maravilhoso porque destampou-se em minha frente, no final da curva, na beira da estrada, aquela graciosa e imponente árvore. Devia ter uns vinte metros de altura. Uma imensa e uniforme copa coberta de flores belíssimas de cor muito exuberante em vermelho tipo sol nascente. Parei o carro, fiquei admirando aquela planta linda e solitária (com seu gigantismo) no meio daquele pasto com capins e pequenos arbustos. Nem me lembrei de fazer uma foto. Segui meu caminho, mais adiante, cerca de uns dez quilômetros, encontrei outra árvore da mesma espécie, ainda jovem, pequena; não mais do que uns dois metros de altura. Estava florida. Parei novamente e enquanto observava, uma senhora, tipo camponesa vinha caminhando pela estrada em minha direção carregando uma enxada nas costas. Abordei-a e perguntei se sabia o nome daquela planta. Muito simpática, me disse que era Manguba. Falei que estava encantado com a planta, ela perguntou: quer uma mudinha? Claro! Respondi, mas onde conseguir? Apontou o dedo para alguns metros adiante e lá estava um tenro broto. Sem dizer nada, foi até a plantinha e com a enxada arrancou-a com um bom pedaço de terra agarrado nas raízes e me entregou. Agradeci bastante, peguei uma folha de jornal na mala do carro embrulhei-a e decidi não ir mais para Alagoinhas. Fui direto para Salvador plantar minha Manguba. Cheguei em casa, já era noite e no dia seguinte decidi plantar minha mudinha. Devia ter trinta centímetros. Observei que o golpe da enxada da camponesa havia quebrado um galhinho da planta e estava quase solto. Preferi tirá-lo, plantei a parte que estava bem enraizada. Era Maio de 2007. Eu estava emocionado com a possibilidade de alguns anos mais tarde poder ver uma enorme e única arvore daquela, completamente florida, cheia de pássaros encantando os passantes. Resolvi dar um nome: Escolhi Maiana. Porque era Maio. Achei lindo e passei a cultivar um carinho enorme por minha nova amiguinha. Ia vê-la todos os dias pela manhã antes de sair de casa. Se viajava, quando voltava parava o carro e ia direto ver Maiana. Lá pelo dia 15 de Maio vieram os vendavais. Eu estava viajando. Por um descuido qualquer o caseiro não percebeu que Maiana foi quebrada pelos fortes ventos quase na base e foi levada, deus sabe pra onde! Quando voltei de viagem, encontrei apenas seu minúsculo tronco, de no máximo cinco centímetros e mais nada. Percebi que estava verde. Coloquei uma proteção ao seu redor e comecei a cuidar com muito afeto e zelo até que dias depois apareceu uma pequena folhinha. Fiquei muito feliz. Estava dando certo. No Mês de Julho, eu estava lá curtindo Maiana quando percebi que do lado direito, a uns dois metros de distancia havia um broto bonito saindo da terra. Reconheci que era aquele pequeno galho que a enxada quebrou, que eu arranquei e atirei para o lado. Caiu no chão de uma maneira que criou raiz e pegou. Viveu. Estava lindo. Transplantei-o com muito cuidado, fiz um bercinho na terra e plantei-o ali. Dei o nome de Juliana. Era o mês de Julho. Essas meninas cresceram. Juliana disparou na frente, hoje passa de 3 metros e floresce o ano todo. Maiana nunca passou de um metro e meio. Sempre doentinha, folhas amareladas, as vezes seca,  fico muito triste, converso com ela, dou adubo e ela volta. Agora está florida e linda. 
                                     Maiana                                               Juliana
                                   

Mas o fato marcante ainda estava por acontecer. Agosto de 2011 vou visitar Maiana e acreditem: ela havia gerado uma filhinha. De uma de suas raízes surgiu um broto lindo, forte, viçoso. Chamei Sergio (o caseiro) e colocamos o broto em um saquinho apropriado com terra vegetal e levamos para a estufa. Novembro de 2011 ele estava com 15 centimetros de altura pronto para ir pro bercinho, na terra. Numa manhã fresca de domingo do mês de Novembro resolvi plantar meu brotinho.

Naquele dia, estava com muitas saudades de uma amiga muito querida que estava no Canadá. Laila Bensabath. Conheci Laila na empresa na qual trabalhávamos. Era, aparentemente, uma pessoa comum. Até que um dia, final de expediente saímos na mesma hora do trabalho e fomos para o estacionamento pegar os carros para ir pra casa. Peguei meu carro primeiro, saí uns minutinhos na frente dela e, logo na saída havia uma pista muito movimentada (conhecida como ladeira do cabula). Parei e fiquei esperando um momento seguro para cruzar a via. Laila, apontou com seu carro atrás de mim, piscou a luz, e passou como uma bala, cruzou a via com uma eficiência e tranqüilidade que me chamou atenção. Como uma menina com pouco mais de vinte anos de idade pode dirigir com tanta desenvoltura e ser assim tão corajosa e competente?!! Eu, ainda esperei mais uns dois minutos para ousar fazer o que
ela fez. A partir daquele dia comecei a prestar atenção em Laila. Percebi que era uma alma especial: Ousada, corajosa, forte, sonhadora, linda e nas poucas vezes que conversávamos, pude perceber que lá no fundo de seu olhar, atrás de sua força, havia uma meiguice juvenil. Os dias se passaram, trocamos alguns e-mails, ela sempre muito simpática e elegante, depois se foi. Mudou de emprego, eu também mudei de local de trabalho. Um dia, soube pela rede de relacionamento, que ela estava indo para o Canadá. Foi. Foi melhorar seu domínio do Inglês. Cresceu minha admiração. É uma batalhadora. Estudiosa. Merece mesmo ser muito feliz. Naquela manhã de domingo de final de Novembro acordei me lembrando de Laila. Senti saudades, mandei boas energias e desci para plantar meu brotinho. Quando peguei aquela planta nas mãos e vi tanta vitalidade, tanta vida, tanta vontade de viver, associei imediatamente à minha amiguinha Laila. Pois é, minha plantinha recebeu o nome de Laila Bensabath. Todas as minhas plantas tem nome de gente. Só eu sei o nome de cada uma delas e o motivo. A jaqueira se chama Sr. Joca, o Jambeiro de dez metros se chama Jorge, a Areoira se chama Lazaro por aí vai. Vivo só em meu sitio mas rodeado de amigos silenciosos. É impossível passar perto de minha plantinha Laila e não me lembrar da amiga Laila e ao mesmo tempo associar todas as qualidades e virtudes de ambas e desfrutar do frescor da vida que se manifesta de formas tão variadas e belas. Os milagres que conto hoje são: Primeiro, assim como Laila Bensabath (a minha amiga), todos podemos ser vitoriosos sonhar nossos sonhos e torná-los realidade. Podemos viver com coragem, de cabeça erguida, com energia positiva e feliz. 
                                            Laila hoje!
Em segundo lugar o milagre de poder desfrutar de coisas simples como cultivar uma plantinha. Vejo por aí pessoas sem ter motivos para viver. Querendo coisas tão complexas. Experimente conviver com o simples: cuidar de uma planta, de uma animal, de uma pessoa ou de si mesmo. A vida é um milagre. Brinque com a vida. Desfrute da explosão de vida que nos cerca por todos os lados. Divirta-se. Esse é o milagre.

3 comentários:

  1. Laila é linda!!!! Com certeza ela é muito feliz pq vive sob o cuidado e carinho de um jardineiro muito especial... Você! Beijo na alma.

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  2. Quanta sensibilidade.... Um dia conseguirei cuidar tão bem de uma planta...!!! Seu jardim merece tudo isso e muito mais. Meus parabens!!! Bjs

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  3. O nome da aroeira eu sei pq... rs

    Mto bom seu post =D

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