Saí de Itanagra, interior da
Bahia com Destino a Alagoinhas. Estrada linda, sinuosa, sem asfalto,
cercada de muito verde, fazendas de gado, e aqui acolá cruzava com uma carreta
da Petrobras. Chovia. Era uma chuva fina e insistente que deixava a estrada
escorregadia e com muita lama. Uma curva acentuada me fez reduzir a
velocidade e foi maravilhoso porque destampou-se em minha frente, no final da
curva, na beira da estrada, aquela graciosa e imponente árvore. Devia ter uns vinte metros de altura. Uma
imensa e uniforme copa coberta de flores belíssimas de cor muito exuberante
em vermelho tipo sol nascente. Parei o carro, fiquei admirando aquela planta
linda e solitária (com seu gigantismo) no meio daquele pasto com capins e
pequenos arbustos. Nem me lembrei de fazer uma foto. Segui meu caminho, mais
adiante, cerca de uns dez quilômetros, encontrei outra árvore da mesma espécie,
ainda jovem, pequena; não mais do que uns dois metros de altura. Estava
florida. Parei novamente e enquanto observava, uma senhora, tipo camponesa vinha
caminhando pela estrada em minha direção carregando uma enxada nas costas.
Abordei-a e perguntei se sabia o nome daquela planta. Muito simpática, me disse que
era Manguba. Falei que estava encantado com a planta, ela perguntou: quer
uma mudinha? Claro! Respondi, mas onde conseguir? Apontou o dedo para
alguns metros adiante e lá estava um tenro broto. Sem dizer nada, foi
até a plantinha e com a enxada arrancou-a com um bom pedaço de terra agarrado
nas raízes e me entregou. Agradeci bastante, peguei uma folha de jornal na mala
do carro embrulhei-a e decidi não ir mais para Alagoinhas. Fui direto para
Salvador plantar minha Manguba. Cheguei em casa, já era noite e no dia seguinte
decidi plantar minha mudinha. Devia ter trinta centímetros.
Observei que o golpe da enxada da camponesa havia quebrado um galhinho da
planta e estava quase solto. Preferi tirá-lo, plantei a parte que estava
bem enraizada. Era Maio de 2007. Eu estava emocionado com a possibilidade de
alguns anos mais tarde poder ver uma enorme e única arvore daquela,
completamente florida, cheia de pássaros encantando os passantes. Resolvi dar
um nome: Escolhi Maiana. Porque era Maio. Achei lindo e passei a cultivar um carinho
enorme por minha nova amiguinha. Ia vê-la todos os dias pela manhã antes de
sair de casa. Se viajava, quando voltava parava o carro e ia direto ver Maiana. Lá pelo dia 15 de Maio vieram os vendavais. Eu estava viajando. Por um
descuido qualquer o caseiro não percebeu que Maiana foi quebrada pelos fortes
ventos quase na base e foi levada, deus sabe pra onde! Quando voltei de viagem,
encontrei apenas seu minúsculo tronco, de no máximo cinco centímetros e mais
nada. Percebi que estava verde. Coloquei uma proteção ao seu redor e
comecei a cuidar com muito afeto e zelo até que dias depois apareceu uma pequena
folhinha. Fiquei muito feliz. Estava dando certo. No Mês de Julho, eu estava lá
curtindo Maiana quando percebi que do lado direito, a uns dois metros de
distancia havia um broto bonito saindo da terra. Reconheci que era aquele
pequeno galho que a enxada quebrou, que eu arranquei e atirei para o lado. Caiu no chão de uma maneira que criou raiz e pegou. Viveu. Estava lindo.
Transplantei-o com muito cuidado, fiz um bercinho na terra e plantei-o ali. Dei
o nome de Juliana. Era o mês de Julho. Essas meninas cresceram. Juliana
disparou na frente, hoje passa de 3 metros e floresce o ano todo. Maiana nunca
passou de um metro e meio. Sempre doentinha, folhas amareladas, as vezes seca, fico muito triste, converso com ela, dou adubo e ela volta. Agora está
florida e linda.
Maiana Juliana
Mas o fato marcante ainda estava por acontecer. Agosto de 2011
vou visitar Maiana e acreditem: ela havia gerado uma filhinha. De uma de suas raízes
surgiu um broto lindo, forte, viçoso. Chamei Sergio (o caseiro) e colocamos o
broto em um saquinho apropriado com terra vegetal e levamos para a estufa.
Novembro de 2011 ele estava com 15 centimetros de altura pronto para ir pro
bercinho, na terra. Numa manhã fresca de domingo do mês de Novembro resolvi plantar meu brotinho.
Naquele dia, estava com muitas saudades de uma amiga muito querida que estava no Canadá. Laila
Bensabath. Conheci Laila na empresa na qual trabalhávamos. Era, aparentemente, uma pessoa comum.
Até que um dia, final de expediente saímos na mesma hora do trabalho e fomos para
o estacionamento pegar os carros para ir pra casa. Peguei meu carro primeiro,
saí uns minutinhos na frente dela e, logo na saída havia uma pista muito
movimentada (conhecida como ladeira do cabula). Parei e fiquei esperando
um momento seguro para cruzar a via. Laila, apontou com seu carro atrás de
mim, piscou a luz, e passou como uma bala, cruzou a via com uma eficiência e
tranqüilidade que me chamou atenção. Como uma menina com pouco mais de vinte anos
de idade pode dirigir com tanta desenvoltura e ser assim tão corajosa e competente?!! Eu, ainda esperei mais uns dois minutos para ousar fazer o que
ela fez. A partir daquele dia comecei a
prestar atenção em
Laila. Percebi que era uma alma especial: Ousada,
corajosa, forte, sonhadora, linda e nas poucas vezes que conversávamos, pude
perceber que lá no fundo de seu olhar, atrás de sua força, havia uma meiguice juvenil. Os dias se passaram, trocamos alguns e-mails, ela sempre muito
simpática e elegante, depois se foi. Mudou de emprego, eu também mudei de local
de trabalho. Um dia, soube pela rede de relacionamento, que ela estava indo
para o Canadá. Foi. Foi melhorar seu domínio do Inglês. Cresceu minha
admiração. É uma batalhadora. Estudiosa. Merece mesmo ser muito feliz. Naquela
manhã de domingo de final de Novembro acordei me lembrando de Laila. Senti
saudades, mandei boas energias e desci para plantar meu brotinho. Quando peguei
aquela planta nas mãos e vi tanta vitalidade, tanta vida, tanta vontade de
viver, associei imediatamente à minha amiguinha Laila. Pois é, minha plantinha
recebeu o nome de Laila Bensabath. Todas as minhas plantas tem nome de gente.
Só eu sei o nome de cada uma delas e o motivo. A jaqueira se chama Sr. Joca, o
Jambeiro de dez metros
se chama Jorge, a Areoira se chama Lazaro por aí vai. Vivo só em meu sitio mas rodeado de amigos silenciosos. É
impossível passar perto de minha plantinha Laila e não me lembrar da amiga
Laila e ao mesmo tempo associar todas as qualidades e virtudes de ambas e desfrutar
do frescor da vida que se manifesta de formas tão variadas e belas. Os milagres
que conto hoje são: Primeiro, assim como Laila Bensabath (a minha amiga), todos
podemos ser vitoriosos sonhar nossos sonhos e torná-los realidade. Podemos
viver com coragem, de cabeça erguida, com energia positiva e feliz.
Laila hoje!
Em segundo
lugar o milagre de poder desfrutar de coisas simples como cultivar uma
plantinha. Vejo por aí pessoas sem ter motivos para viver. Querendo coisas tão
complexas. Experimente conviver com o simples: cuidar de uma planta, de uma
animal, de uma pessoa ou de si mesmo. A vida é um milagre. Brinque com a vida.
Desfrute da explosão de vida que nos cerca por todos os lados. Divirta-se. Esse
é o milagre.
Laila é linda!!!! Com certeza ela é muito feliz pq vive sob o cuidado e carinho de um jardineiro muito especial... Você! Beijo na alma.
ResponderExcluirQuanta sensibilidade.... Um dia conseguirei cuidar tão bem de uma planta...!!! Seu jardim merece tudo isso e muito mais. Meus parabens!!! Bjs
ResponderExcluirO nome da aroeira eu sei pq... rs
ResponderExcluirMto bom seu post =D